Como captar retratos de rua: sugestões de um profissional

Desde como abordar um potencial motivo até à iluminação e composição, aprenda com o fotógrafo de retratos e estilo de vida, Julian Love, neste abrangente guia de retratos de rua.
Uma florista sorridente, com um vestido verde pálido, rodeada por flores coloridas.

Os retratos de rua são facilmente confundidos com as fotografias de rua. Os dois estilos têm muita coisa em comum: ambos envolvem fotografar estranhos em ambientes fora do estúdio. Mas enquanto as fotografias de rua são espontâneas, por vezes captadas sem o conhecimento do motivo, nos retratos de rua, como explica o fotógrafo de retratos e estilo de vida, Julian Love, "a pessoa que está a fotografar reconhece a situação pelo que é.

"Conversou com eles, provavelmente até os posicionou", continua. "Este género é mais interativo – uma colaboração, não apenas uma observação." O Julian levou recentemente a Canon EOS RP numa viagem pelas ruas da sua cidade natal de Bath, Reino Unido, captando retratos de rua. Aqui, partilha as suas oito sugestões para captar fotografias de excelência.

Uma mulher com um vestido azul sem mangas e com óculos de sol na cabeça, encostada a uma parede de pedra.

A Emma foi fotografada enquanto esperava por um amigo à porta de um restaurante. "Se alguém captar a sua atenção por estar com um aspeto impressionante, normalmente essas pessoas estão cientes disso e, geralmente, reagem bastante bem quando lhes pede para as fotografar", afirma Julian. Tirada com uma Canon EOS RP com uma objetiva Canon RF 85mm F2 Macro IS STM a 1/640 seg., f/2 e ISO 100. © Julian Love

Um feirante sorridente, com um cachecol e um avental cor de vinho, atrás dos seus produtos.

Imagem de Ben na sua banca no mercado agrícola de Bath. "Talvez haja uma loja ou banca que sempre gostou, ou uma oficina pela qual passa a caminho do trabalho. Entre ou contacte-os através das redes sociais para saber se gostariam de ser fotografados", afirma Julian. Tirada com uma Canon EOS RP com uma objetiva Canon RF 50mm F1.8 STM a 1/60 seg., f/2.8 e ISO 160. © Julian Love

1. Identifique um motivo

"A palavra «rua» pode ser um pouco enganadora", afirma Julian, uma vez que o seu motivo não tem de estar a caminhar pela rua. "Geralmente, estas são as piores pessoas a quem perguntar porque se estão dirigir para algum lugar." Em vez disso, Julian aconselha a procurar pessoas que não estejam apressadas, que possam ter todo o gosto em passar cinco minutos consigo. Em particular, recomenda que procure potenciais motivos em locais onde as pessoas normalmente se encontram à espera – paragens de autocarros, praças de táxis ou estações ferroviárias.

"Os comerciantes também são excelentes opções, pois muitas vezes estão em ambientes interessantes", acrescenta. "No entanto, não os aborde a um sábado de manhã quando eles estão bastante ocupados." Ao escolher um motivo, pense em como pode incorporar o seu ambiente na imagem para contar uma história sobre o mesmo. As flores de cores vivas, por exemplo, proporcionam um cenário perfeito para a imagem de Julian da florista Marcia Wood (representada acima), que se mudou para Bath de Londres com o marido, um arboricultor, há cerca de quatro anos. "Ela tinha uma personalidade sociável e estava entusiasmada por ser fotografada", afirma Julian.

2. Inicie uma conversa

Os retratos de rua dependem da interação com o motivo, pelo que a primeira coisa a fazer é iniciar uma conversa. "Apresento-me como fotógrafo e explico por que motivo os pretendo fotografar", diz Julian. "Pode ser por estarem vestidos de forma interessante, por terem um aspeto interessante ou por estarem num local interessante. Ou simplesmente porque a iluminação é particularmente apelativa". Algumas pessoas podem não se ver da mesma forma que as vê, por isso, não tenha medo de oferecer um pouco de incentivo a um potencial motivo explicando as caraterísticas que eles possuem e que acha tão interessante enquanto fotógrafo.

3. Simplifique a sua composição

De acordo com Julian, a arte da composição centra-se na simplificação do que está no enquadramento. E isto é especialmente verdade, afirma, "quando está no mundo real, em ambientes que não pode controlar." Em espaços públicos, pode haver muita confusão visual, cores brilhantes ou variação de luminosidade para escuridão. "O ideal é minimizar essas coisas para uma composição ligeiramente mais gráfica e obter um bom contraste entre o seu motivo e o fundo. Pode procurar um fundo liso; ou pode ser que o motivo esteja vestido com cores brilhantes e o fundo seja escuro, ou vice-versa; ou pode ser um contraste de cores, talvez o motivo esteja vestido de verde e o fundo seja vermelho. Tente destacar o seu motivo."

Uma mulher de cabelo ruivo num vestido de ganga tipo macacão em frente a pinturas penduradas numa parede revestida com painéis de madeira.

Imagem de Rebecca numa galeria, diante das obras de arte do seu marido. "Tente posicionar o seu motivo de forma a que a luz seja refletida num dos lados do seu rosto, proporcionando contraste e realçando as suas feições", afirma Julian. Tirada com uma Canon EOS RP com uma objetiva Canon RF 50mm F1.8 STM a 1/80 seg., f/2.8 e ISO 100. © Julian Love

Um homem de cabelo grisalho vestido com um casaco castanho escuro atrás de uma banca de mercado que vende taças e jarras antigas.

Não tem de entrar em ação sem um plano. Pense nos locais ou pessoas que pretende abordar. "Há um feira de antiguidades em Bath todos os sábados, por isso, tirei uma fotografia a um dos feirantes. Eram 09:30, uma hora de pouco movimento, e ele estava estirado na sua espreguiçadeira." Tirada com uma Canon EOS RP com uma objetiva Canon RF 50mm F1.8 STM a 1/640 seg., f/2.8 e ISO 100. © Julian Love

4. Não tenha medo de orientar

Tal como diz Julian, o principal dos retratos de rua é a interação. Por isso, não tenha vergonha de pedir ao seu motivo para se mover, se necessário. "A iluminação pode ser mais apelativa se o fotografar à sombra, ou pode obter uma fotografia melhor se lhe der algumas sugestões sobre poses", afirma Julian. Ele descobriu que o ecrã traseiro da Canon EOS RP ajudava com este elemento dos retratos de rua. "Interage um pouco mais com o motivo e não se esconde atrás da câmara", afirma.

A função de focagem automática de deteção e acompanhamento de rosto da Canon EOS RP também foi útil. "É uma excelente tecnologia que, mais uma vez, lhe permite passar mais tempo a interagir com o seu motivo e a escolher a sua composição, sem ter de se preocupar com a focagem. Todas as imagens estavam perfeitamente focadas no rosto da pessoa, mesmo quando o motivo é pequeno no enquadramento."

5. Troque de objetivas

Para os seus retratos de rua recentes, Julian fotografou pessoas em espaços interiores e exteriores com três objetivas diferentes: a Canon RF 35mm F1.8 Macro IS STM, a Canon RF 50mm F1.8 STM e a Canon RF 85mm F2 Macro IS STM. "Nos retratos em espaços interiores, costumo utilizar a de 35 mm ou 50 mm e nos retratos em espaços exteriores, a de 50 mm ou 85 mm. A minha tomada de decisão baseia-se na dimensão do fundo que pretendo incluir. Em espaços interiores, está mais perto do motivo porque há menos espaço e quer mostrar mais do seu ambiente natural, pelo que a de 35 mm é útil. Em espaços exteriores, o fundo é mais movimentado, menos controlado, pelo que uma teleobjetiva ajuda a isolar o motivo e a tornar o retrato mais focado nele."

A Canon EOS RP e a seleção de objetivas de Julian são leves, tornando-as ideais para fotografar retratos em movimento sem o sobrecarregar. A EOS RP também está equipada com a função de acompanhamento de AF de rosto, esta tecnologia Dual Pixel CMOS AF ajuda a manter os olhos do motivo extremamente focados, garantindo uma qualidade de imagem extremamente nítida nos seus retratos.

6. Tire o máximo partido da luz

O Julian utiliza apenas a luz natural disponível nos seus retratos de rua. "Quando estou a fotografar em espaços interiores, numa loja, por exemplo, peço-lhes que desliguem as luzes artificiais. As instalações são frequentemente iluminadas por faixas de luzes ou holofotes que são poucos favorecedores e difíceis de trabalhar, por isso, parte da seleção de um bom local passa por procurar um lugar com janelas grandes", afirma.

"Se estiver a fotografar em espaços exteriores, fotografe de manhã cedo ou ao fim do dia, quando o sol está baixo no céu", acrescenta. "Muitas vezes, quando estão a começar, os fotógrafos pensam que precisam de fotografar sob a bela luz solar para tirar fotografias bonitas. Nos retratos, não é esse o caso definitivamente. Num dia encoberto, as nuvens funcionam como uma softbox gigante e a luz difusa é muito mais favorecedora."

Uma mulher de cabelo loiro curto com óculos e roupas escuras, sentada num banco à porta de um edifício de pedra clara.

A ourives Tina Engell à porta da oficina ao lado da sua ourivesaria. A Tina, que é dinamarquesa, estudou em Goldsmiths, na cidade de Londres, e mudou-se para Bath há 25 anos. "Quero que o fundo seja legível, mas também quero que a pessoa se destaque ligeiramente", afirma Julian. "Uma grande abertura produz fundos suaves, mas não completamente desfocados." Tirada com uma Canon EOS RP com uma objetiva Canon RF 85mm F2 Macro IS STM a 1/640 seg., f/2 e ISO 100. © Julian Love

Uma mulher de cabelo castanho escuro comprido e encaracolado senta-se ao balcão de uma loja, junto a um equipamento de tipografia.

A Athena Cauley-Yu tem duas impressoras tipográficas Heidelberg originais no seu estúdio, onde cria belíssimos papéis de carta impressos à mão. "A Athena é muito ativa nas redes sociais, por isso achei que iria concordar em posar para um retrato", afirma Julian. "Fotografei-a junto ao seu equipamento de tipografia – tente encontrar objetos interessantes, incluídos no ambiente, que revelem um pouco da vida dos motivos às pessoas que estão a ver os retratos." Tirada com uma Canon EOS RP com uma objetiva Canon RF 35mm F1.8 Macro IS STM a 1/80 seg., f/2.2 e ISO 320. © Julian Love

7. Capte momentos naturais

Nos retratos de rua não está à procura de captar imagens de ação ou "momentos decisivos", mas mostrar o seu motivo a interagir com algo que lhe seja relevante pode ajudar a criar uma narrativa, como por exemplo, fotografar um impressor junto a um equipamento de impressão. "Geralmente, o motivo e o fundo não estão em movimento e não tenho de responder rapidamente a muitas alterações, pelo que costumo utilizar o modo Manual (M)", afirma Julian. "Se utilizar o modo de prioridade à abertura (Av), sempre que reenquadrar ligeiramente a fotografia, a exposição é alterada à medida que a câmara a recalcula. Muitas vezes, tenho algo brilhante em segundo ou em primeiro plano e quero apenas manter o destaque."

8. Mantenha-se em contacto

O Julian normalmente leva consigo cerca de cinco pequenas impressões do seu portefólio para mostrar aos potenciais motivos, assim como uma impressora instantânea para que lhes possa oferecer uma imagem imediatamente. "Dessa forma, dá mais a sensação de uma troca", afirma. Uma impressora portátil, como a Canon Zoemini ou a Canon SELPHY Square QX10, seria ideal para este propósito. Muitas vezes, as pessoas pedem uma cópia da fotografia, talvez para atualizarem o perfil das redes sociais ou para imprimir e expor, pelo que Julian também tem sempre cartões de visita consigo. "Assim, não precisa de escrever o seu endereço de e-mail 25 vezes por dia", acrescenta.

Embora peça sempre permissão antes de tirar retratos de rua, o Julian só utiliza um formulário de autorização modelo se estiver a fotografar para um trabalho comercial. "Não precisa de um formulário de autorização modelo para fins editoriais, em que está simplesmente a representar uma pessoa como ela é, não a está a associar a qualquer produto, serviço ou marca. Eu explico de que forma é que a fotografia será utilizada e obtenho o seu consentimento verbal", explica.

O que torna este género desafiante é exatamente o que o torna emocionante: a sua imprevisibilidade. Mas, embora existam muitos aspetos que não consegue controlar, com um pouco de reflexão, prática e confiança, pode trabalhar de forma criativa com os elementos que tem à sua disposição – o motivo, a composição, a iluminação e o local – para produzir retratos de rua belos e autênticos.


Escrito por Rachel Segal Hamilton

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