A Canon é, uma vez mais, patrocinadora oficial de imagem do evento e seguiu de perto a participação da seleção lusa.
Lisboa, Portugal, 13 de outubro de 2023 – O caminho para o Campeonato do Mundo de Rugby de 2023 foi mais longo do que se pode imaginar. Para alguns jogadores, começou no momento em que pegaram numa bola pela primeira vez. Para outros, antes de nascerem.
Natureza, Educação e Fraternidade – Retratos de família no Campeonato do Mundo de Rugby de 2023
Assim, afastamos o foco dos holofotes e das multidões do Campeonato do Mundo de Rugby de 2023 para revelar o que está por trás das linhas brancas. Será a natureza ou a educação que define os destinos dos jogadores? Como é que as memórias do passado moldam os seus futuros? E será que a família é mais do que sangue?
A Canon está a seguir uma visão diferente e pessoal do Campeonato do Mundo de Rugby de 2023, ao dar a possibilidade aos jogadores de contarem a sua própria história. Os jogadores de Portugal Jerónimo Portela, João Granate e Mike Tadjer fazem-no com as suas próprias palavras, através da sua própria lente – e assim descobrimos uma imagem mais surpreendente e mais carinhosa: de amor, de orgulho e de família.
De pai para filho
Muitas pessoas têm dificuldade em rever-se nos seus pais e algumas tornam-se o seu oposto, em aparência, comportamento, atitude ou estilo de vida, seja de propósito ou por coincidência – mas outros parecem predestinados a seguir o mesmo caminho.
Quando eram jovens, Jerónimo Portela e João Granate idolatravam os seus pais e acabaram por seguir os seus passos. Ambos foram vitais na única aparição de Portugal no Campeonato do Mundo de Rubgy em 2007, uma experiência que desempenhou um papel monumental na formação do caráter e nas escolhas profissionais dos seus filhos.
"O meu pai era o médico da equipa," afirma João, lembrando-se com orgulho desse torneio. "Ele estava sempre com a equipa, por isso eu era o apoiante n.º 1."
A proximidade com essa equipa, juntamente com a incansável ética de trabalho do seu pai e o jogo de Portugal contra um dos melhores do desporto, colocou João no rumo certo para também representar o seu país.
"Pude ver Portugal a jogar contra a Nova Zelândia ao vivo," conta. "Foi um dos momentos mais incríveis da minha vida, ver os All Blacks, a melhor equipa de sempre, a jogar contra jogadores que conhecia por causa do meu pai. A atmosfera era fantástica. Foi um sonho que se tornou realidade."
- João Granate e o seu pai. (Arquivo)
Todos devem ter o poder de contar a sua própria história – e foi por isso que a Canon, enquanto patrocinadora oficial deste torneio, deu aos jogadores da equipa de Portugal, como João e Jerónimo, câmaras Canon PowerShot V10 para documentarem as suas vidas no desporto (e não só).
O pai de Jerónimo Portela, Miguel, jogou mais de 50 vezes por Portugal e fez parte da equipa de 2007 – e embora Jerónimo tivesse apenas seis anos, a paixão pura dos fãs e da equipa marcou-o.
"Sentia-me sempre nervoso ao observar o meu pai," diz, sorrindo. "Ele gostava muito do contacto, das placagens e do transporte da bola, por isso, sempre que jogava, eu ficava nervoso. Lembro-me do primeiro jogo contra a Escócia, de quando cantaram o hino. Foi uma emoção muito grande, um momento muito bonito, e inspirou-me. Foi uma das razões pelas quais comecei a jogar rugby."
A mãe de todas as inspirações
Seria uma simplificação exagerada sugerir que os jogadores de rugby são apenas um produto dos seus pais que jogavam rugby. São criados pelos seus ambientes, experiências, memórias, irmãos, e, claro, pelas suas mães.
Como disse John Steinbeck: "talvez seja preciso coragem para criar os filhos". Isto é certamente verdade quando o filho se dedica a um desporto de contacto físico como o rugby. E, embora ver os filhos jogar possa ter sido difícil, as mães dos jogadores influenciaram uma grande parte das suas personalidades e ambições.
- Jerónimo e a sua família. (Arquivo)
Mike Tadjer, talonador (hooker) de Portugal, fala sobre a sua mãe com amor e adoração – é síria e nasceu em Madagáscar, antes de se mudar para França quando ainda era jovem. Mike fala sobre a sua incansável ética de trabalho e motivação, algo que tem orgulho de ter herdado.
"Via a minha mãe a acordar e a começar o dia às cinco da manhã, todos os dias, para ir trabalhar. Ela nunca desistiu," diz. "Tinha três empregos por dia para ganhar dinheiro para a comida e tudo. Vi a minha mãe e o meu pai a lutarem para trabalhar e para me darem, a mim, ao meu irmão e à minha irmã, uma vida boa. Espero que estejam orgulhosos de mim. É por isso que tenho esta carreira, porque nunca desisto. Mesmo que não seja o mais veloz ou o mais rápido, trabalho. Foi o que herdei da minha mãe."
João Granate também herdou traços da sua mãe que o tornaram melhor, como jogador e como pessoa.
"Da minha mãe, tenho a capacidade de cuidar dos meus colegas de equipa e parceiros," afirma. "De tratar a equipa como família. Também tenho uma teimosia boa, para nunca desistir."
- João Granate e a sua mãe. (Arquivo)
Entretanto, também Jerónimo dá crédito à sua mãe, não apenas por ser a "fã n.º 1" dele e do seu pai, mas devido às qualidades que o ajudou a desenvolver. "Da minha mãe acho que herdei mais a inteligência, espero, e todas as coisas a disciplinar."
Casa é onde a família está
Família não é necessariamente quem nos criou ou com quem fomos criados. Família é onde nos sentimos em casa, onde sentimos que pertencemos.
No caso de Mike, o seu sentido de família e pertença provém de uma variedade de lugares. O seu pai, apaixonado por futebol, é português, mas Mike era elegível para jogar pela Síria ou por França. Massy, perto de Paris, pode ser a sua "casa", mas o jogador absorveu o espírito de generosidade e bondade das três nações.
"Fui à Síria para o casamento da minha irmã," afirma. "É um país bonito, a cultura é espetacular e as pessoas são amáveis: não têm nada, mas partilham tudo. Em Portugal é o mesmo, partilha-se tudo. É muito bom ter um país como este, porque também tem os meus valores: dar tudo, partilhar tudo."
Pensar na próxima geração
A família não fica parada: não só afeta a direção que a nossa vida toma, como também muda à medida que a vida evolui. Ao longo do tempo, as nossas famílias encolhem ou crescem, especialmente com a chegada de crianças. Diz-se que as crianças são grandes imitadoras, por isso devemos dar-lhes algo incrível para imitar.
Quer optem por jogar rugby ou não, Mike e Jerónimo partilham essa esperança para os seus próprios filhos. O par tem perspetivas interessantes sobre se estes seguirão os seus passos. Mike tem dois filhos, enquanto Jerónimo e sua esposa se estão a preparar para o nascimento da sua primeira filha.
"Espero que um dia, quando for mais velho, também os possa ir apoiar ao estádio", diz Mike. "Acho que isso é o mais bonito, para mim, um pai com o seu filho. Gostaria de fazer o mesmo."
Jerónimo não tem assim tanta certeza. "Claro que ela vai assistir aos meus jogos e viver a vida do rugby como a minha mãe, a minha esposa e as minhas irmãs," diz. "Se quiser jogar rugby, eu não vou dizer que não, mas não sei se a minha esposa a vai deixar."
- Mike Tadjer com a sua esposa e filhos. (Arquivo)
Um vínculo de irmãos
Nem todos os irmãos têm os mesmos pais. Partilhar os mesmos altos e baixos com as pessoas que conhecemos ao longo da vida também ajuda a moldar quem somos enquanto seres humanos.
Para compreender este grupo de jogadores, temos de compreender o que querem dizer quando falam em irmandade. Para eles, a irmandade não é definida apenas pela genética (todos têm irmãos). Também se trata de quem partilha o balneário com eles.
"Sou muito próximo de alguns dos meus colegas, como o Jerónimo," diz João. "Fui ao casamento dele e passámos por momentos difíceis juntos. O Jerónimo é como um irmão mais novo."
Jerónimo concorda: "Começámos a construir isto desde o início e agora somos como família. Provavelmente, passei mais tempo com o João nestes últimos quatro anos do que com a minha esposa!"
Para Mike, esta forma de irmandade não muda apenas quem se é enquanto pessoa, mas determina como se pode ser bem-sucedido como equipa. "Podemos ser o melhor jogador do mundo, mas não podemos fazer nada se estivermos sozinhos," diz. "Temos de ser uma equipa, temos de ser um amigo. Temos de ter uma ligação com os outros, mesmo que não gostemos deles. Porque são os nossos colegas de equipa, e em campo são como a nossa mãe, o nosso pai, os nossos amigos, os nossos irmãos. Se formos egoístas, não temos sucesso. Temos de estar juntos e unidos como irmãos para jogar e ganhar.”
Ver quem realmente somos
Quando mudamos a forma como vemos as coisas, as coisas mudam connosco. Ao contarem as suas próprias histórias, Jerónimo, João e Mike refletiram sobre o que a família realmente significa para si e viram, pela primeira vez, o que os torna quem são: natureza e educação, a família nos seus genes, a família na equipa e a família que ainda está por vir.